Política da História: Memória, Arquivo e Testemunho

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POLÍTICA DA HISTÓRIA. MEMÓRIA, ARQUIVO E TESTEMUNHO

Minicurso de Serge Margel, pesquisador do Fundo Nacional suíço de pesquisa científica (Berna), professor da Escola Prática de Altos Estudos (Paris).

O minicurso trata da função testemunhal da memória, abordada em suas dimensões religiosas, retóricas, políticas e filosóficas. Ele tentará mostrar principalmente duas coisas: de um lado, como esta memória se inscreve em um corpo, enquanto rastro, documento, e arquivo; e de outro, como essa inscrição da memória pode testemunhar tanto da salvaguarda quanto do apagamento dos acontecimentos.

Platão e Aristóteles dividiram a mnémè – memória, rememoração, lembrança – em anamnèsis, ou a memória viva, mental ou psíquica, e hypomnèma, a memória instrumental, a memória técnica, gráfica ou iconográfica. Neste sentido, todo tipo de rastro ou documento, toda forma de arquivo, do papiro ao torpedo, é sempre e por definição hipomnésica. Não há arquivo sem técnica, sem um dispositivo de inscrição, sem a operação gráfica de uma marcação, codificada ou encriptada, mas sempre decifrável. O interesse de uma distinção mnésica como esta não está ligado somente ao uso que fazemos dela na história, frequentemente para opor politicamente oralidade e escrita, palavra ou espírito que vivifica e letra que mata, sociedades sem história e sociedades históricas, tradição e modernidade. Ao contrário, o interesse maior, a meu ver, está ligado à um certo apagamento constitutivo da memória, por mais viva que ela seja. Falarei de um trabalho da memória, que apaga o seu próprio processo de produção de acontecimentos. Este trabalho, de fato, consiste em conservar o acontecimento apagando-o, em guardá-lo ou preservá-lo, através do tempo, reconstituindo-o como rastro, como um documento de arquivo que se inscreve na história ou que produz um novo sentido de história. A hipótese consiste em dizer que nenhum acontecimento pode ser guardado na memória como tal, ser gravado ou reproduzido em todo o seu frescor e assim ser transmitido de geração em geração. Não se pode reproduzir um acontecimento, sem pressupor, por anticipação ou projeção, a possibilidade material de umsuporte, da pedra à tela, que transforme este acontecimento em arquivo de si mesmo. Esta condição arquivística da memória opera então segundo um horizonte duplo : ao materializar os rastros, o arquivo salva o acontecimento de seu próprio desaparecimento, ao mesmo tempo que ele apaga o processo pelo qual a emergência do acontecimento se transforma em olhar sobre a história, em ferramenta de produção social.
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Conferências em francês com tradução projetada em tela. Perguntas em tradução consecutiva.

75% de presença confere certificado. Inscrições por confirmação na página do evento no Facebook: https://www.facebook.com/events/1574218702883253/.

Realização FAPERJ/Programa de Pós-Graduação em Ciências da Literatura Universidade Federal do Rio de Janeiro.

Auditório E-2, Faculdade de Letras, UFRJ.

Detalhes do evento:

Dia(s): 6 set 2016 - 9 set 2016
Horário: 14h00 - 17h00

Local: Faculdade de Letras (FL/UFRJ)
Av. Horácio Macedo, 2151, Rio de Janeiro, RJ, 21941-917, Cidade Universitária

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Instituição responsável: UFRJ (Faculdade de Letras)
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