RESUMO
CONTRIBUIÇÃO DA ERGONOMIA PARA O GERENCIAMENTO DE RISCOS DE DESASTRES
Ricardo José Matos de Carvalho
GREPE/NUPED/PEP/DEP/UFRN
O modo como as cidades modernas vêm se configurando tem produzido diversos problemas, que tornam suas populações mais vulneráveis aos riscos de desastres. O modelo vigente de ocupação do espaço na cidade, determinado pela especulação imobiliária e pela falta de políticas habitacionais mais inclusivas, tem produzido processos de segregação e de gentrificação, levando populações de baixa renda a ocupar áreas de risco, vulneráveis à ocorrência de desastres, decorrentes de eventos naturais tais como chuvas, terremotos, ciclones etc., que provocam enchentes, inundações, deslizamentos de terra, desabamentos, desmoronamentos etc., afetando os moradores. Por outro lado, certos sistemas industriais, ao escolher e adotar tecnologias perigosas e/ou poluentes, e sem dispor de sistemas de segurança resilientes, também se tornam vulneráveis aos riscos de desastres, trazendo consequências ambientais, econômicas, sociais e humanas, a exemplo dos grandes desastres de Fukushima (Japão, 2011), Brumadinho/Vale (Brasil, 2019), Mariana/Samarco (Brasil, 2015), Goiânia (Brasil, 1987), Chernobyl (antiga URSS, 1986), Bhopal (Índia, 1984), Three Mile Island (EUA, 1979) etc. Ergopolis (CARVALHO, 2012) é uma abordagem da Ergonomia que se propõe a olhar a cidade como um sistema sociotécnico, em que as atividades das pessoas e os contextos são centrais nas análises dos problemas em questão. A abordagem sociotécnica da cidade, preconizada pela Ergopolis, entende que a população – com sua diversidade e diferentes características, capacidades e limitações – e o modo com que ela atua na cidade sejam levados em consideração no momento de projetar e gerenciar a cidade, e que os sistemas urbanos devem ser concebidos para servi-la, atendendo aos critérios de acessibilidade, saúde, segurança, conforto e resiliência. As pesquisas apresentadas, desenvolvidas pelo Grupo de Extensão e Pesquisa em Ergonomia-GREPE da Universidade Federal do Rio Grande do Norte-UFRN, buscam compreender a vulnerabilidade e resiliência dos órgãos, sistemas e equipes que atuam, direta e indiretamente, no gerenciamento dos riscos e desastres existentes, bem como das populações vulneráveis (existentes nas empresas, bairros e comunidades) aos riscos de desastres. Elas contribuem, a partir do conhecimento produzido, para o desenvolvimento de políticas, sistemas, técnicas e tecnologias de gestão públicos e organizacionais, que sejam resilientes e, portanto, capazes de reduzir os riscos e desastres nas cidades e preservar vidas, no âmbito dos bairros, das comunidades, das empresas e dos sistemas de transporte de pessoas e produtos. Alguns conhecimentos científicos e produtos acadêmicos e sociais já foram desenvolvidos a partir destas pesquisas: PRODUTOS: a) um aplicativo de gerenciamento de riscos de desastres (NOAH); b) um sistema de indicadores de resiliência organizacional; c) um plano de contingência municipal para o enfrentamento de riscos e desastres; CONHECIMENTOS: a) como os membros de uma comunidade vulnerável a desastres se solidarizaram e se cooperaram para responder ao desastre sofrido e reestruturar suas vidas no pós-desastre e como quais ações e políticas públicas podem ser desenvolvidas, a partir deste conhecimento gerado, para incorporar a comunidade no sistema municipal de gerenciamento de riscos de desastres; b) como funcionou o sistema de alerta e alarme em um desastre, quais os impactos e quais as medidas devem ser necessárias para melhorar a eficiência deste sistema; c) qual a percepção de riscos de desastres dos alunos das escolas do ensino fundamental 1 e como melhorar esta percepção através da difusão do conhecimento e da realização de exercício simulado; d) identificação dos riscos de desastres devido ao lixo urbano, análise de como se dá a relação entre o sistema municipal de gestão de resíduos sólidos e de gerenciamento de riscos de desastres e como integrar estes sistemas visando a melhoria da resiliência urbana. Trata-se de uma tentativa de reunir as abordagens teórico-metodológicas da ergonomia (micro e macro), da engenharia de resiliência, do design, da antropotecnologia e da economia situada, voltadas para a construção de cidades seguras, saudáveis, confortáveis, resilientes e inteligentes (smart people and cities), de modo a atender adequadamente às necessidades da população e a promover a qualidade de vida.
Detalhes do evento:
Dia(s): 29 ago 2019
Horário: 14h00 - 16h00
Local: CT bloco G-207
Cidade Universitária, Rio de Janeiro, RJ, 21941-912
Categorias
Sem CategoriasInscrição:
A confirmação da inscrição é de responsabilidade do organizador do evento.
Valor: Gratuito
Período de inscrição: 29/08/2019
Site: http://www.ergonomia.ufrj.br/
Instituição responsável: COPPE/PEP/GENTE
Email do organizador: rosapetrus@gmail.com
Telefone de contato: (21) 98665-3637