Coppe e Coep celebram Betinho
A Coppe/UFRJ e o Comitê de Entidades no Combate à Fome e pela Vida (Coep) promovem, dia 9 de agosto, o evento “Celebrar Betinho“. Trata-se de uma homenagem ao sociólogo Herbert de Souza, que nos anos 1990 mobilizou o país pela ética na política e no combate à fome, à miséria e pela vida, tornando-se símbolo de engajamento social em prol da cidadania. O evento, que contará com a participação do filósofo e teólogo Leonardo Boff, será realizado, às 12 horas, no auditório da Coppe, Bloco G, sala 122, Centro de Tecnologia (CT), Cidade Universitária.
Como parte da programação, após o debate serão lançados um site, com informações sobre a vida e a atuação de Betinho, e o Prêmio Betinho Imagens de Cidadania, que selecionará vídeos de até três minutos que celebrem cinco princípios da democracia: igualdade, diversidade, participação, solidariedade e liberdade. Também será inaugurado o Jardim da Cidadania, no Espaço de Convivência do Centro de Tecnologia da UFRJ, entre os blocos F e G. A cerimônia contará com a presença de Maria Nakano, esposa de Betinho.
Para finalizar o evento, o dançarino e instrutor Hugo Oliveira fará uma apresentação do Passinho, estilo de dança ao ritmo do funk criado nas favelas cariocas. A apresentação será realizada em frente ao Espaço de Convivência do CT. Hugo foi o idealizador do “Desafio do Passinho” em escolas municipais de comunidades carentes do Rio de Janeiro. Em breve, lançará o livro intitulado “O Desafio do Passinho: uma estratégia pedagógica para o ensino”.
“Quem tem fome, tem pressa”, costumava dizer o sociólogo durante a campanha da “Ação da Cidadania contra a Fome, a Miséria, e pela Vida”, que colocou o combate à fome no foco das manifestações populares e das políticas públicas. Após décadas de mobilização da sociedade civil e avanços nos programas sociais, o Brasil, enfim, saiu do “Mapa da Fome” definido no relatório da FAO. Uma conquista obtida a duras penas e que no momento se encontra em risco, devido a anos de forte recessão econômica e uma crise política, ainda longe do fim.
Em 1993, em parceria com o professor da Coppe, Luiz Pinguelli Rosa, Betinho criou o Comitê de Entidades Públicas no Combate à Fome e pela Vida (Coep), que se tornou uma rede nacional de organizações para o desenvolvimento de iniciativas de combate a fome. A formalização do Coep, constituído por 33 dirigentes de empresas, federais e estaduais, fundações e autarquias, foi considerado por Betinho como um momento histórico. Era a primeira vez que tantas entidades, que antes nunca haviam se sentado à mesma mesa, se reuniam para somar forças para “combater a fome e a indiferença”.
O sociólogo Herbert de Souza faleceu em 9 de agosto de 1997. Passados vinte anos, o Brasil ainda lembra com saudades do famoso “irmão do Henfil”, imortalizado nos versos e música de Aldir Blanc e João Bosco. Celebrar Betinho é uma forma de mantê-lo vivo na memória da sociedade e na ação coletiva pela cidadania.
Sobre Betinho
Mineiro, da cidade de Bocaiúva, Betinho, como ficou popularmente conhecido o sociólogo Herbert de Souza, iniciou sua militância pelos direitos humanos ainda na adolescência, na Ação Católica, em Belo Horizonte. Na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), foi um dos fundadores da Ação Popular, grupo socialista católico. Graduado em Sociologia, engajou-se na luta pelas reformas de base do governo João Goulart.
No apogeu da ditadura militar, em 1971, partiu para o exílio. Morou no Chile, no Canadá e no México. Mas foi após o seu regresso, em 1979, que Betinho deu suas contribuições mais notáveis ao país. Foi um dos articuladores da Campanha Nacional pela Reforma Agrária. Em 1981, fundou com seus colegas de exílio, Carlos Afonso e Marcos Arruda, o Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (Ibase), uma organização autônoma, comprometida com a transição democrática para um modelo de sociedade mais justo e igualitário.
Hemofílico, assim como seus irmãos, o cartunista Henfil e o músico Chico Mário, Betinho contraiu Aids em uma transfusão de sangue, diagnosticada em 1986. Seu drama particular o levou a fundar a Associação Brasileira Interdisciplinar de Aids (Abia), dando importante contribuição às vítimas desta doença até então pouco conhecida.
Na década seguinte, deflagrou a sua mais notável campanha, a “Ação da Cidadania contra a Fome, a Miséria e pela Vida”, mobilizando um imenso esforço de arrecadação de mantimentos, em favor da população mais pobre de todo país. Surgia assim, em 1993, o “Natal sem fome”, chamando atenção de toda a nação para os 32 milhões de brasileiros que, à época, estavam abaixo da linha da pobreza, segundo dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).
Constituído por uma rede de comitês locais da sociedade civil, sobretudo lideranças comunitárias, a Ação da Cidadania distribuiu 30.351 toneladas de alimentos entre 1993 e 2005, beneficiando mais de três milhões de famílias em todo o Brasil, tornando-se o movimento social mais reconhecido em todo o país.
Betinho, a Coppe e o Coep : parceria com a universidade
Betinho tinha grandes parceiros na universidade. No início dos anos 1990, coordenado pelo professor da Coppe, Luiz Pinguelli Rosa, o Fórum de Ciência e Cultura da UFRJ foi um grande aliado do movimento liderado pelo sociólogo pela Ética na Política. Na época, Betinho, Pinguelli e o engenheiro de Furnas, André Spitz, iniciaram uma mobilização para envolver as empresas estatais na campanha do combate à fome. Foi em maio de 1993, na sede do Fórum, durante um encontro com dirigentes de organizações estatais, que surgiu a ideia de criação do Comitê de Entidades no Combate à Fome e pela Vida (Coep).
Três anos mais tarde, uma tragédia estreitava a parceria entre a Coppe e o Coep: o forte temporal ocorrido no Rio de Janeiro, dia 13 de fevereiro de 1996, que resultou em uma centena de vítimas fatais, 6.500 pessoas desabrigadas e enorme prejuízo material, sobretudo para famílias de baixa renda. Enquanto a sociedade carioca ainda se recobrava do luto e da perplexidade, Betinho convocou cerca de 40 representantes de entidades que compunham o Coep. Nessa reunião, surgiu a ideia do seminário Prevenção e Controle dos Efeitos dos Temporais no Rio de Janeiro, que foi organizado pela Coppe, nos dias 1 e 2 de agosto de 1996. O evento reuniu especialistas das universidades, técnicos e representantes de órgãos municipais, estaduais e federais, que nos meses seguintes consolidaram e apresentaram às autoridades públicas e à sociedade um diagnóstico dos principais problemas e um conjunto de recomendações técnicas e de políticas públicas para evitar ou minimizar as causas dos efeitos dos temporais no Rio.
Esse esforço coletivo e voluntário em prol do Rio de Janeiro resultou no livro “Tormentas Cariocas”, editado e publicado pela Coppe e Coep em 30 de outubro de 1997. A obra foi lançada no Palácio do Catete, no qual foi prestada uma homenagem ao Betinho, idealizador da iniciativa, que faleceu dois meses antes.
Em 2011, a Coppe e o Coep consolidaram a já longa parceria com a criação o Laboratório Hebert de Souza. Sediado na Coppe, o laboratório reúne uma equipe interdisciplinar, fazendo uma ponte com pesquisadores que atuam na busca de soluções para grandes desafios enfrentados pelas populações econômica e socialmente excluídas, como falta de saneamento, abastecimento de água, segurança alimentar e vulnerabilidade a catástrofes naturais, sobretudo, no caso brasileiro, as decorrentes da variabilidade climática.
Detalhes do evento:
Dia(s): 9 ago 2017
Horário: 12h00 - 14h00
Local: Auditório da Coppe (Centro de Tecnologia)
Av. Horácio Macedo, 2030, Centro de Tecnologia, Bloco G, sala 122, Rio de Janeiro, RJ, 21941-450, Cidade Universitária
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Sem CategoriasInscrição:
A confirmação da inscrição é de responsabilidade do organizador do evento.
Valor: grátis
Período de inscrição: não há
Site: www.coppe.ufrj.br
Instituição responsável: Coppe e Coep
Email do organizador: asscom@adc.coppe.ufrj.br
Telefone de contato: 3622-3406