Música de Concerto
O programa do concerto que encerra as comemorações pelo centenário de fundação da Orquestra Sinfônica da UFRJ ressalta duas características do conjunto ao longo de 100 anos de atuação: a dedicação ao repertório brasileiro e à música contemporânea.
Duas estreias marcam o programa. A primeira é “O pássaro de areia”, obra composta em 2023 pelo compositor cearense Caio Facó, atualmente residente no Bahrein, onde trabalha como professor de música da Bahrain Polytechnic. A obra foi composta por encomenda do Sistema Nacional de Orquestras Sociais, projeto desenvolvido em parceria entre a Funarte e a UFRJ. De acordo com o compositor “A obra é uma representação do passar do tempo e da transitoriedade. O pássaro, ser do ar, está representado pelo movimento dos ostinatos, que nos lembram do conceito tempo. As melodias se desfazem neste tempo contínuo, são como castelos de areia, que também dialogam com as camadas mais profundas do som – harmônicos, ressonâncias e silêncios”.
A segunda estreia é de “Um concertino para Emmanuel Rio”, que traz como solista Tiago Carneiro, trompista da orquestra, a quem a obra é dedicada. A composição faz uma homenagem a Emmanuel Rio (c.1810-1852), negro brasileiro que foi enviado ainda menino para Viena pela Imperatriz Leopoldina (1797-1826) para servir como jardineiro no palácio de seu pai, o Imperador Francisco I (1768-1835). Na capital austríaca, onde chegou por volta de 1820, Emmanuel foi matriculado em escola para estudos de francês, italiano, desenho e música, destacando-se como tocador de trompa, instrumento que lhe foi presenteado pelo próprio imperador. Após a morte de Francisco I foi enviado para se aperfeiçoar no Conservatório de Praga. Ao retornar reassumiu as funções de jardineiro, atuando também em bandas de música. São escassas as informações biográficas sobre Emmanuel Rio, mas provavelmente faleceu no ano de 1852. Sua imagem, no entanto, foi imortalizada em quadro pintado em 1836 por Albert Schindler (1805-1861), no qual foi retratado com sua trompa admirando a imagem de Francisco I pendurada na parede e os jardins do Palácio de Schönbrunn ao fundo.
O programa finaliza com a “Bachianas brasileira no. 7”, de Heitor Villa-Lobos, que faz parte da série para diferentes formações vocais e instrumentais na qual o compositor carioca pretendeu amalgamar as características da música do compositor barroco alemão Johann Sebastian Bach (1685-1750), que tanto admirava, com as da música brasileira. Cada movimento recebeu como título uma das partes da suíte barroca e ao mesmo tempo o de um gênero de cantoria ou dança folclórica do Brasil. Assim, o Prelúdio inicial é um Ponteio, que nos remete ao ato de pontear dos violeiros, representado na obra pelos pizzicatos alternados entre os violinos, que apoiam as melodias expressas pelos instrumentos de sopro. No segundo movimento, uma Giga, dança que normalmente finaliza a suíte barroca, é também uma movimentada Quadrilha caipira. A Tocata se transforma em um Desafio, a conhecida disputa poética improvisada entre dois cantadores. O último movimento, que finaliza a obra de forma grandiosa, é uma Fuga, forma que se caracteriza pela melodia que se alterna entre as diferentes vozes, que Villa-Lobos chamou de Conversa.
Detalhes do evento:
Dia(s): 25 set 2025
Horário: 19h00 - 20h30
Local: Salão Leopoldo Miguez (Escola de Música/UFRJ)
Rua do Passeio, 98 - Lapa, Rio de Janeiro , RJ, 20021-290
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Inscrição:
A confirmação da inscrição é de responsabilidade do organizador do evento.
Valor: Gratuito
Período de inscrição: não há inscrição
Site: https://www.instagram.com/orquestra_ufrj/
Instituição responsável: Escola de Música da UFRJ
Email do organizador: ciacarnaval@gmail.com
Telefone de contato: 21988659417
