Concerto da Orquestra Sinfônica da UFRJ – Semana Santa no Brasil Colonial

Atividades Culturais e Espetáculos

A maior parte do repertório brasileiro do período colonial é formada por obras sacras criadas para as inúmeras cerimônias litúrgicas do culto católico, a partir da encomenda da própria igreja, de irmandades e ordens terceiras ou mesmo pelo poder público através dos Senados da Câmara. Nos centros urbanos de diferentes regiões do país inúmeros instrumentistas, cantores e compositores desenvolveram suas atividades profissionais nas igrejas, nas quais o mestre de capela era a figura principal, com obrigações de contratar e ensaiar os músicos, mas, principalmente, de compor obras novas. Assim atuaram os compositores que figuram no concerto Semana Santa no Brasil Colonial. José Maurício Nunes Garcia foi a principal personalidade da música no Brasil de seu tempo. Nasceu no Rio de Janeiro em 1767, filho de um casal de pardos livres e neto de escravizadas. Os estudos de música foram realizados com Salvador José de Almeida e Faria, músico mineiro residente na cidade. Nas Aulas Régias, o ensino público da época, estudou gramática latina, filosofia e retórica, dentre outras disciplinas. Aos 16 anos produziu sua primeira obra, a antífona “Tota pulchra es Maria”, de 1783, dedicada à Catedral e Sé do Rio de Janeiro. Ordenou-se padre em 1792 e, em 1798, foi nomeado Mestre de Capela da Sé da cidade, então localizada na Igreja de Nossa Senhora do Rosário, na atual Rua Uruguaiana. Em 1808, após a chegada da família real portuguesa ao Rio de Janeiro, a Sé da cidade foi transferida para a Igreja de Nossa Senhora do Carmo, na atual Praça XV, e se transformou em Capela Real, sendo José Maurício nomeado mestre pelo Príncipe Regente D. João. Além das obras para a Capela Real, José Maurício, criou também peças sacras para diversas irmandades e igrejas da cidade, música instrumental para orquestra e teclados, música cênica e modinhas, havendo hoje mais de 200 obras de sua autoria guardadas em diversos acervos em diferentes cidades do Brasil e em Portugal. As obras para a Semana Santa de autoria de José Maurício abrangem tanto as para coro a capella, ou seja, sem acompanhamento instrumental, quanto aquelas com orquestra. No primeiro caso estão a antífona “Domine, Tu mihi lavas pedes?”, de 1799, para a cerimônia do Lava pés, quanto o Moteto para a Quinta-feira Santa, “Judas, mercator pessimus”, de 1809. Também para a Quinta-feira Santa é o “Gradual Christus Factus Est”, texto baseado em Filipenses 2,8-9 (Cristo se fez por nós). Já as “Matinas da Ressurreição”, como o próprio título indica, foi composta para o Domingo de Páscoa do ano de 1809, ganhando assim o acompanhamento orquestral. José Maurício faleceu no Rio de Janeiro em 1830, sendo reconhecido, desde então, como um dos mais importantes compositores não europeus de seu tempo.
Muito provavelmente José Maurício conheceu José Joaquim Emerico Lobo de Mesquita, pois o compositor mineiro faleceu no Rio de Janeiro em 1805, enquanto ocupava o posto de organista da Igreja da Venerável Ordem Terceira do Carmo. Lobo de Mesquita nasceu na cidade do Serro em data não confirmada, por volta de 1746. Atuou também no Arraial do Tejuco, atual Diamantina, e em Vila Rica, atual Ouro Preto, de onde partiu para o Rio de Janeiro em 1800. A “Sequentia Stabat Mater” é um texto do século XIII que menciona as dores de Nossa Senhora no momento da crucificação de Cristo e posto em música por diversos compositores. O de Lobo de Mesquita foi composto em data ignorada, cujo manuscrito pertence ao Museu da Música de Mariana (MG).
Antônio dos Santos Cunha é um compositor de origem desconhecida, havendo a hipótese de ter nascido em Portugal. O certo é que atuou na cidade de São João del-Rei (MG) entre 1786 e 1815, ano em que há um registro de “ausente para Lisboa” em livro de pagamento da Ordem Terceira do Carmo. O último registro conhecido de sua atividade musical é a partitura da “Missa e Credo a cinco vozes”, dedicada a D. Pedro I, em 1822. O “Sepulto Domino” corresponde ao Responsório IX do Ofício de Sexta-feira Santa, cujo manuscrito pertence ao acervo da Orquestra Ribeiro Bastos, de São João del-Rei.
A Orquestra Sinfônica da UFRJ apresenta-se com o Conjunto SacraVox e terá como solistas Duda Espírito Santo, Júlia Félix (sopranos), Thaísa Bastos (mezzo), Mário Sampaio (tenor) e Marcos Cassiano (barítono) com a regência de Valéria Matos.

Detalhes do evento:

Dia(s): 16 abr 2025
Horário: 18h00 - 19h00

Local: Igreja Nossa Senhora de Bonsucesso
Largo da Misericórdia, s/n , Rio de Janeiro, RJ, 20020-020, Centro

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Inscrição:

A confirmação da inscrição é de responsabilidade do organizador do evento.

Valor: Gratuito
Período de inscrição: gratuito
Site: https://www.instagram.com/orquestra_ufrj/
Instituição responsável: Escola de Música da UFRJ
Email do organizador: ciacarnaval@gmail.com
Telefone de contato: 21988659417