Fantasias em tempos de capitalismo tardio
A produção de subjetividades na contemporaneidade é atravessada por complexas máquinas de sentido e afetos. O audiovisual, a literatura, a música, as artes visuais e outras formas estéticas afetam nossa sensibilidade e constituição enquanto sujeito. Nessas estratégias estético-políticas de produção de sentido e nas disputas midiáticas de narrativas, habitamos um mundo em colapso povoado por ficções. Fantasias em Tempos de Capitalismo Tardio expande as rachaduras nas ruínas do mundo e investiga as possibilidades e as potências disruptivas nas fantasias hegemônicas e nas resistências e criações de outros mundos.
Narrativas, personagens e canções firmemente costuradas na tessitura do imaginário ocidental apresentam complexas questões políticas, pedagógicas, estéticas, capitalistas e de identidades de gênero; questões que urgem por outras iluminações, releituras e desconstruções. O “mundo onírico” e o “final feliz”, muitas vezes pregados de forma quase religiosa por essas narrativas, encontram-se radicalmente cingidos da nossa realidade.
Os imensos e utópicos parques temáticos, espalhados pelo mundo, refletem o ambicioso projeto de uma expansão ilimitada, cujo objetivo parece ser muito mais se apropriar do imaginário e da ‘vida mental’ dos consumidores, oferecendo cidades fantasiosas que disfarçam a produção de um consumidor distraído e fragmentado, voltado para a compulsão do consumo. Esses parques resgatam a lógica da cidade-sonho e suas estratégias de inclusão e exclusão respondem com fidelidade ao regime no qual foram erguidos. No tempo tardio e vertiginoso do capitalismo, algumas utopias colapsam, reinos se desencantam e outras fábulas, mais monstruosas, são gestadas.
A relevância de discutir esses campos atravessa diversas esferas da experiência: o capitalismo, em sua forma mais cruel e disfarçada; a implementação de uma lógica do desejo consumista que faz com que hordas de crianças e adultos migrem em bando para os parques temáticos; a complexidade e perversidade de narrativas que disseminam modelos, corpos, comportamentos e desejos inalcançáveis; e, de acordo com Denise Ferreira da Silva, o evento racial e a dívida impagável.
A domesticação das fantasias e a colonização do imaginário; a higienização das narrativas, a inserção ou ampliação de projetos pedagógicos, a fixidez das identidades de gênero e do regime binário, essas estruturas monolíticas do cisheterocapitalismo branco serão rachadas e arruinadas. Nesse contexto ético, político, social, econômico e cultural que se anuncia como fim do mundo, outras fantasias emergem.
Nesse sentido, corpos, identidades e narrativas que operam contra as lógicas sistêmicas forjam os novos afetos, imagens e sensibilidades. Trans, travestis, bichas, sapatões, corpos não brancos e fora dos padrões tecem a pele do futuro.
Curadoria:
Cíntia Guedes
Diego Paleólogo
Vinicios Ribeiro
Proposta de programação para o período de 03 a 08 de dezembro de 2019
Dias e Horários
Terça 03/12, quarta 04/12, quinta 05/12 e sexta 06/12: 18:30h às 20:30h
Sáb. 07/12 e Dom. 08/12: 17:30h às 19:30h
03/12
Mesa de Abertura
Utopias falidas, reinos desencantados
Palestrantes:
Cintia Guedes – RJ
Doutora em Comunicação pelo Programa de Pós-Graduação da Escola de Comunicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro, com ênfase em relações raciais, colonialidade do poder e produção de subjetividade. Mestra pelo Programa Multidisciplinar em Cultura e Sociedade (CAPES/UFBA) na linha de pesquisa Cultura e Identidade, com ênfase em cinema, estética, diversidade de gênero e sexualidade. Suas abordagens mais recorrentes são sobre memória, corpo e produção de subjetividades desde perspectivas anticoloniais e anti-racistas.
Vinicios Ribeiro – RJ
Professor Adjunto C1, da Escola de Belas Artes da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Interesses em estudos sobre o corpo, gênero, sexualidade e suas relações com as artes visuais, cinema, fotografia e cultura visual contemporânea.
Mediação: Mariah Rafaella – EBA-UFRJ
04/12
Bem e Mal no imaginário: releituras e ressignificações
Palestrantes:
Pedro Curi – RJ
Pedro Peixoto Curi é doutor pelo Programa de Pós-Graduação em Comunicação da Universidade Federal Fluminense, onde desenvolveu a pesquisa ―À margem da convergência: hábitos de consumo de fãs brasileiros de séries de TV estadunidenses‖; Atualmente é professor na ESPM Rio, onde coordena os cursos de graduação de Cinema e Audiovisual e Jornalismo.
Marcela Soalheiro – RJ
PUC-Rio
Mediação: Thalita Bastos
05/12
Leituras subversivas: desorganizações, apropriações e desestruturações
Palestrantes:
Matheus Santos – Bahia, Salvador
Atualmente é Professor Visitante da Universidade do Estado da Bahia/UNEB, onde desenvolve a pesquisa Cinemas Negros no Brasil Contemporâneo. Pesquisador do NuCuS (Núcleo de Pesquisa em Cultura e Sexualidade/UFBA) e do NUPPI (Núcleo de Pesquisa e Produção de Imagem/IFMA). Tem especial interesse nas relações entre estéticas afrodiaspóricas, cinema, teorias da imagem, raça, sexo/gênero, sexualidade.
Bruno F. Duarte – RJ
Mestrando em Comunicação Social pela Escola de Comunicação Social da UFRJ
É formado em cinema pela PUC-Rio e mestrando em comunicação e cultura na ECO/UFRJ, onde pesquisa arte, gênero, sexualidade e relações raciais na diáspora negra. Trabalhou em campanhas e iniciativas de mobilização como KBELA — O Filme, plataforma AFROFLIX, Grupo Emú De Teatro, Centro Afrocarioca de Cinema Negro e Flup. Nos últimos cinco anos coordenou as mídias digitais e produção audiovisual da Anistia Internacional Brasil.
Mediação:
06/12
Feitiços, encantos e maldições: das punições aos traumas e à cura
Palestrantes:
Ventura Profana
É cantora, escritora, compositora, performer e artista visual. Doutrinada nos templos batistas, investiga as implicações do deuteronomismo no Brasil.
Castiel Vitorino Brasileiro – Vitória, ES
Mediação: Walla Capelobo
07/12
Eram as princesas feministas? Rasuras e sensibilidades.
Palestrantes:
Adriana Azevedo – RJ
Doutora pelo programa Literatura, Cultura e Contemporaneidade PUC-Rio, pesquisa produções artísticas e culturais que atravessem questões de gênero e sexualidade.
Érica Sarmet – RJ
É roteirista e pesquisadora de cinema e audiovisual. Doutoranda em Meios e Processos Audiovisuais na ECA-USP, é mestre em Comunicação pela Universidade Federal Fluminense e bacharel em Estudos de Mídia pela mesma instituição. Sua dissertação de mestrado, ―Sin porno no hay posporno: corpo, excesso e ambivalência na América Latina‖ recebeu Menção Honrosa no Prêmio Compós de Teses e Dissertações 2016, e teve financiamento do CNPQ e da FAPERJ (Bolsa Nota 10).
Mediação: Lorraine Pinheiro Mendes – EBA UFRJ
08/12
Mesa de Encerramento
Ficções Fabulativas: outras narrativas
Palestrantes:
Abigail Campos – São Paulo
Atua entre os limites da filosofia e poesia. É mestre em Ética Aplicada pela UFF e mestre em Filosofia pela UFRJ. Compõe a organização do Slam Marginália, uma competição de poesias faladas organizado por e para pessoas trans, não-binárias e gênero dissidentes. Ativista literária e palavrista, publica textos autorais e traduções em formatos de fanzine. Das traduções: Susy Shock, Jack Halberstam, Lee Edelman, Guy Hocquenghem, Tiqqun. Proletária da cultura, também atua em produção cultural e curadoria, já tendo participado da curadoria do Legítima Defesa (Sesc 24 de Maio, SP, 2019) e do projeto Brasa: a tradução como gesto político.
Deize Tigrona
Mediação: Cintia Guedes
Detalhes do evento:
Dia(s): 3 dez 2019 - 8 dez 2019
Horário: O dia inteiro
Local: Caixa Cultural Rio de Janeiro – Cinema 2 (Mezanino)
Avenida Almirante Barroso, 25 - Centro, Rio de Janeiro, RJ, 20031-003
Categorias
Sem CategoriasInscrição:
A confirmação da inscrição é de responsabilidade do organizador do evento.
Valor: Gratuito
Período de inscrição: 03/12/2019
Site: https://www.facebook.com/fantasiasnocapitalismo
Instituição responsável: UERJ/UFRJ
Email do organizador: diego.paleologo@gmail.com
Telefone de contato: (21) 98123-0476