CURSO DE EXTENSÃO (2018-2) – Música, Política, Democracia e Pesquisa-ação Participativa
PROPONENTE
– Laboratório de Etnomusicologia (LE-UFRJ), Escola de Música da UFRJ
MINISTRANTES
– Pesquisadoras/pesquisadores do LE-UFRJ e convidados.
PÚBLICO-ALVO
– Estudantes, professores, pesquisadores, técnico-administrativos, militantes de movimentos sociais e partidos políticos, gestores públicos, público em geral.
LOCAL E DATAS-LIMITE
– Boteco Cultural, no Fórum de Ciência e Cultura da UFRJ, Av. Rui Barbosa 762, Flamengo, Rio de Janeiro.
DINÂMICA
– 11 encontros entre agosto e outubro, às quintas-feiras, entre 18 e 20 hrs. Cada encontro, no modo oficina, estará a cargo de um ou mais ministrantes, tratando de aspectos variados da temática central. Ao final do curso serão expedidos certificados às/aos que tenham estado presentes em ao menos 70% das sessões.
INFORMAÇÕES: labetnoufrj.extensao@gmail.com
CALENDÁRIO
1) 16 de agosto – O lugar da escuta nos modos de produção de alteridades sociomusicais.
Ana Paula Lima Rodgers, Frederico Machado de Barros, Jonas Soares Lana.
Esta sessão foca de um modo amplo na dimensão da escuta e sua relação majoritária com o campo da oralidade, em detrimento de parâmetros analíticos extraídos da escrita musical. Com isso, propomos reconduzir a análise da experiência musical ao tecido auro-sensorial que a permeia, procurando estimar qual o seu lugar na produção sociomusical de três diferentes realidades: a) o Tropicalismo e seus arranjos musicais; b) o Modernismo e a música de César Guerra-Peixe; c) os rituais de flautas do povo indígena Enawene Nawe. Através desse exercício contrastivo, pretendemos abrir o debate para não apenas se redimensionar o papel da escrita e dos tratados teóricos em música, dominantes em certa camada da música produzida no Ocidente, mas também, sobretudo por intermédio do exemplo de um ritual indígena eminentemente musical, repensar a própria noção de “escuta” enquanto distinta do processo de composição/criação, atentando para o tipo de eficácia (sonora, social, política) buscada em cada um dos casos.
2) 23 de agosto – Música, pesquisa e ação política; um exercício de escuta dialógico-crítica.
Grupo Musicultura-Maré (Alexandre Dias da Silva, Christine Jones, Diogo Bezerra, Isabella Santos, Rodrigo Câmara, Rony Rocha, Vânia Bento e Virgínia Barbosa)
Cada participante trará uma música que, de alguma forma, a/o represente e, após sua audição, participantes da oficina levantarão possíveis motivos que levaram à escolha dessa música. Ao final, quem propôs a música responde aos colegas e apresenta seus motivos de escolha, culminando num debate sobre gostos, classe, gênero, raça, afetividade e política.
3) 30 de agosto – Etnomusicologia e pesquisa-ação participativa em uma perspectiva decolonial e de gênero: um estudo de caso no Sarau Divergente
Grupo de Pesquisas em Etnomusicologia Dona Ivone Lara (Pedro Macedo Mendonça, Jenifer Raul, Matheus Raul, Lucas e Raphaela Yves)
Encontro que tratará de pesquisa-ação participativa realizada no Sarau Divergente, espaço político-artístico do Rio de Janeiro de maioria negra e periférica. A pesquisa buscou se adaptar à realidade epistemológica e metodológica deste Sarau, construindo sua etnografia em caráter coletivo e dialógico. Para tal tarefa o grupo conta com a participação de três jovens negros moradores de periferia e protagonistas artísticos e políticos dos movimentos estudados, além de um aluno de doutorado em etnografia das práticas musicais do programa de pós-graduação em música da UNIRIO.
4) 6 de setembro – Entre o gestual e o instrumental: perscrutando os sopros indígenas para uma abordagem etno-acústica
Ana Paula Lima Rodgers e Leonardo Fuks
O encontro versa sobre a pesquisa colaborativa em curso entre a antropóloga Ana Paula Lima Rodgers e o acústico-musical
Leonardo Fuks, tendo como ponto de partida do estudo a herança sonora e instrumental dos índios Enawene Nawe. Povo indígena do sudoeste amazônico (noroeste de MT), falante de língua aruaque, os Enawene Nawe possuem uma forte cultura ritualística materializada na Casa de Flautas, objeto da tese de doutorado da antropóloga (2014). A intensidade de sua vida ritual foi reconhecida pelo IPHAN, como Patrimônio Imaterial do Brasil (2010), e pela UNESCO, como Patrimônio Imaterial em Necessidade de Salvaguarda Urgente (2011). Nessa sessão percorremos um pouco da complexidade cerimonial e musical do povo, tendo em vista a nossa pesquisa atual, bem como falaremos dos imensos desafios que se apresentam atualmente para a continuidade dessa singular tradição. Serão exibidos vídeos e registros de áudio e experimentados alguns dos instrumentos disponibilizados pelos Enawene Nawe.
5) 13 de setembro – Currículo de licenciatura em música: o funk como objeto cultural na educação pública do Rio de Janeiro.
Pedro Mendonça, Ralphen Rocca e Mano Teko
Este módulo visa problematizar a inserção da Cultura Funk no curso de licenciatura em música das universidades federais do Rio de Janeiro. Nessa análise recorremos aos conceitos de multiculturalismo e interculturalidade, bem como ao argumento de Michael Apple sobre presença/ausência. Como opção teórico-metodológica partimos de uma abordagem qualitativa construindo os dados com entrevistas semiestruturadas com estudantes dos referidos cursos.
6) 20 de setembro – Música, Cultura e Educação para as relações étnico raciais: movimento decolonial, dialógico e desobediente
Antonilde Rosa, Camille Tantow, Igor Sá e Leonardo Moraes
A proposta de diálogo, conversa e provocações, a partir dos estudos e pesquisas por aqueles que se dedicam ao estudo das questões das Relações Étnico Raciais são um convite para (re)pensarmos o campo do ensinoaprendizagem de Música de forma descolonizada, dialógica e desobediente, para além das hegemônicas ações estabelecidas pelo pensamento eurocêntrico e norte americanizado que invisibilizam saberes, assassinam produções culturais e produzem epistemicídios nos currículos de Educação Básica. A partir da ideia que o ensinoaprendizagem de Música, nos distintos espaços de educação e cultura tem o seu objetivo centrado na formação humana, esse minicurso tem a proposição de (a) afirmar a consciência político-epistemológica das musicalidades da contemporaneidade que discutem a questão do racismo; (b) discutir as ideias dos movimentos interculturais e decoloniais a partir da produção cultural existente no Brasil e na diáspora africana na América Latina; (c) propor caminhos e possibilidades para construção de currículo de ensino de música comprometido com a visibilidade afrodescendente. Teremos como base político-epistemológica as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-Raciais e para o ensino da História e Cultura Afro-Brasileira (2004), o Estatuto da Desigualdade Racial (2010), as Diretrizes Curriculares para Educação Básica (2010), a Lei 10.639/2008, a Lei 11.645/2008 e a Lei 11.769/2008, bem como contribuições de Nilma Gomes Lino (2003, 2010), Kabengele Munanga (2013), Renato Noguera (2015, 2017) e Beatriz Petronilha Gonçalves e Silva (2007, 2010) entre outrxs autorxs negrxs. Com eles, com as ideias e as proposições pensaremos em construir saberes outros, de forma desterritorializada daquilo que é posto como e entendido como epistemologia da Música desconstruindo os caminhos pré-estabelecidos, hierárquicos e epistemicidas, ou seja, uma dialógica, desobediente e decolonial nos/dos/com os espaços de ensinoaprendizagem.
7) 27 de setembro – Pesquisa ação participativa e diálogo inter-religioso
Grupos de Estudos Templo Cultural (Artur Costa, Antônio Carlos, Creusa Maria, Jessica Ribeiro, Luciana Andrade, Luciana Neves e Luís Carlos)
O encontro terá como objetivo apresentar, a partir da trajetória do grupo de estudos Templo Cultural, um exemplo de pesquisa-ação participativa que se propôs a discutir música na perspectiva de um diálogo inter-religioso, inicialmente, mas que encontrou outros temas transversais, como, por exemplo, a intolerância religiosa. Além de discutir noções extraídas da análise das discussões do grupo (violência acústica e diálogo sonoro) e alguns aspectos das dinâmicas que sustentam a continuidade do coletivo, tais como, visitas, relatos e participação em eventos. Uma das ações destacadas será uma pesquisa de opinião realizada com os estudantes de Ensino Médio de Xerém (Duque de Caxias – RJ) sobre o tema.
8) 04 de outubro – Música e políticas públicas para a juventude.
Moana Martins e Vítor Damiani
Fundamentos teóricos e epistemológicos de uma educação integral visando à inserção de práticas musicais que valorizem as identidades culturais e a representação da diversidade musical. Reflexões sobre o Programa “Orquestra nas Escolas”, desenvolvido pela Secretaria Municipal de Educação do Rio de Janeiro.
9) 11 de outubro – Acervos musicológicos: das pesquisas folclóricas às colaborativas e participativas
Cecília de Mendonça e Virginia Barbosa
O objetivo do encontro é destacar as principais diferenças de perspectivas na constituição de acervos sonoros e musicais no Brasil por pesquisadores e músicos, levando em consideração o pensamento musicológico e antropológico que, a partir do começo do século XX, fomentou o campo da arquivística na etnomusicologia e antropologia: desde as pesquisas folclóricas – no bojo da discussão político-ideológica – em torno do nacionalismo musical até os aportes de pesquisas de viés colaborativo e participativo. Pretende-se abordar novas perspectivas sobre registros sonoros, recuperação e devolução de acervos delimitados entre os anos 1970 e 2000. Para finalizar o encontro, as autoras focalizarão seus trabalhos de pesquisa em andamento: Etnografia de um acervo pessoal – análise colaborativa sobre as práticas de registro sonoro de Djalma Corrêa sobre percussão afro-brasileira; A construção participativa do acervo musicológico do Grupo de Pesquisa Musicultura: sua contínua mudança, enquanto acervo comunitário, em face de dilemas epistemológicos, éticos, políticos e estéticos, e de condições estruturais.
10) 18 de outubro – Música no espaço público: disputas e conflitos no carnaval e na música de protesto
Daniel Martins e Lino Amorim
O encontro irá debater o uso do espaço urbano e sua ocupação com a atividade musical, especialmente acerca do carnaval e a música de protesto, objetos de pesquisa dos professores ministrantes. Serão abordadas as legislações vigentes, potencialidades, conflitos, disputas, ações e discursos em torno da música executada nos espaços públicos do Rio de Janeiro a partir de descrições de estudos de caso e diálogo com autores da etnomusicologia e de outros campos de estudos em ciências sociais.
11) 25 de outubro – Encontro para avaliação geral do curso.
Detalhes do evento:
Dia(s): 17 ago 2018 - 25 out 2018
Horário: 18h00 - 20h00
Local: Fórum de Ciência e Cultura da UFRJ
Av. Rui Barbosa, 762, Rio de Janeiro, RJ, 22250-020, Flamengo
Categorias
Sem CategoriasInscrição:
A confirmação da inscrição é de responsabilidade do organizador do evento.
Valor: Gratuito
Período de inscrição: 16/08/2018
Site: https://www.facebook.com/events/1853659101381863/
Instituição responsável: Laboratório de Etnomusicologia da UFRJ
Email do organizador: labetno.ufrj@gmail.com
Telefone de contato: (21) 22952-346