LINGUA AFIADA: ESCRITORAS TOMAM A PALAVRA

Projeto “Língua Afiada: escritoras tomam a palavra” promove ciclo de oito palestras com autoras premiadas e críticos literários

A CAIXA Cultural Rio de Janeiro recebe, de 2 a 12 de maio de 2017 (de terça a sexta-feira), o ciclo de debates Língua Afiada: escritoras tomam a palavra. Durante oito palestras, o projeto reafirma a força e a originalidade da literatura feminina no trato com temas atuais e polêmicos: desejo, prostituição, homossexualidade, amor, maternidade, e violência na ditadura e na cultura patriarcal. A entrada é gratuita, com distribuição de senhas uma hora antes de cada debate. O patrocínio é da Caixa Econômica Federal e do Governo Federal.

O evento abre com Nélida Piñon, primeira mulher a entrar para a Academia Brasileira de Letras e que fará 80 anos na semana de sua apresentação. Além de Nélida, a escritora e filósofa feminista Marcia Tiburi, a ativista do movimento negro e também escritora Conceição Evaristo, a premiada autora Beatriz Bracher e a curadora Guiomar de Grammont estão entre as palestrantes convidadas.

Ações combativas e mitos que ligam a mulher ao desequilíbrio, pecado e perigo pautam os debates. Referenciando escritoras atuais, falecidas ou pioneiras, todos partem de temas abrangentes: a velhice em Clarice Lispector; a sexualidade em Hilda Hilst, a política em Beatriz Bracher, a pornografia em Adelaide Carraro, para discutir questões atuais. Na única mesa sobre um escritor, que acontece no dia 03 de maio, a presidente da Fundação Casa de Rui Barbosa Marta de Senna trata de Machado de Assis, cujas maiores interlocutoras eram mulheres.

Embora focado na produção nacional, o projeto inclui escritoras de outros países falantes da língua portuguesa. No dia 05 de maio, os professores eméritos Jorge Fernandes da Silveira e Laura Padilha abordam o corpo textual e o corpo sociopolítico em Portugal e na África das guerras anticolonialistas.

A curadora Clarisse Fukelman, professora da PUC-Rio e uma das precursoras no estudo das primeiras escritoras brasileiras, considera o projeto um ato político. “Traz, do passado, escritoras libertárias, perseguidas e com escrita revolucionária, além de dar voz a nomes contemporâneos” afirma. “Ora, o espaço literário é espaço de poder. Se antes as mulheres custaram a ser reconhecidas e aceitas no meio literário, mal conseguindo lugar em livros de história da literatura, agora já se nota um avanço. Mesmo assim, estão fora do currículo universitário e mais ausentes ainda no do ensino médio. Esperamos que o projeto ajude a mudar esse quadro”, complementa Fukelman.

Programação (sempre às 18h30):

 2 de maio (terça-feira)

A paixão da escrita

Reflexão sobre o ofício de ser escritora e sobre processo de criação, com as operações complexas entre ficcional, memória e contexto social, cultural, econômico e político.

Com: Nélida Piñon – escritora

Mediação: Clarisse Fukelman

 

03 de maio (quarta-feira)

Moralidade e tradição: suplícios oitocentistas e vozes femininas

Em Machado de Assis, a crítica social ao patriarcalismo se expressa nas personagens femininas e na interlocução com a leitora de ficção. Já a pressão social sobre a mulher intelectualizada e autônoma é tema das pioneiras Maria Benedita Bormann e Albertina Bertha.

Com:

Marta de Senna – doutora em Literatura, presidente da Casa de Rui Barbosa e autora de O olhar oblíquo do Bruxo e A ilusão e zombaria.

Anélia Pietrani – professora na Faculdade de Letras da UFRJ, coordenadora do Núcleo Interdisciplinar de Estudos da Mulher na Literatura (FL/UFRJ).

Mediação: Maria Cristina Ribas

 

04 de maio (quinta-feira)

Expressões libertárias: anarquismo e literatura erótica e pornográfica

Práticas sexuais interditas motivam obras de Hilda Hilst, Adelaide Carraro e Cassandra Rios, as “maiores pornógrafas da literatura brasileira”. Por outro lado, a fala anarquista de Maria Lacerda de Moura (1887-1945) inclui debate sobre amor livre.

Com:

Carla Rodrigues – professora doutora do IFCS/UFRJ, Coordenadora do laboratório Escritas – filosofia, gênero e psicanálise (CNPq). Autora de Coreografias do feminino.

Margareth Rago – professora titular de História na UNICAMP, autora de Feminismo e Anarquismo no Brasil.

Rodolfo Londero – Jornalista, professor adjunto da UEL e pós-doutor especializado em teorias da publicidade, ficção cyberpunk e pós-modernismo.

Mediação: Adriana Azevedo

 

05 de maio (sexta-feira)

Territórios de afetos: poetas em países de língua portuguesa

Consciência da escrita e erotismo movimentam o trabalho das poetas portuguesas Fiama Hasse Paes Brandão e Luiza Neto Jorge. Serão abordados também o corpo textual e o corpo sociopolítico no cenário da guerra anticolonialista na África, na obra de Alda Espírito Santo e Paula Tavares e Noêmia de Sousa.

Com:

Jorge Fernandes da Silveira – Professor Emérito da UFRJ, autor de Escrever a casa Portuguesa; Luiza Neto Jorge: 19 recantos e outros poemas.

Laura Padilha – professora Emérita da UFF. Autora de Lendo Angola; Entre voz e letra: O lugar da ancestralidade na ficção angolana do século XX.

Mediação: Claudia Chigres

 

09 de maio (terça-feira)

Políticas disciplinares: autoritarismo, liberdade e autoconhecimento

Memória e trauma conduzem narrativas que encenam o impacto emocional e cultural da ditadura militar e também narrativas de autoconhecimento que buscam, através da palavra, a superação da violência real e simbólica.

Com:

Beatriz Bracher – escritora, prêmios São Paulo Literatura 2016, Rio de Literatura 2015, Clarice Lispector 2009 e APCA 2013.

Marcia Tiburi – professora doutora da UNIRIO, artista plástica, finalista prêmio Jabuti com o romance “Magnólia”.

Mediação: Ana Chiara

 

10 de maio (quarta-feira)

Armadilhas do tempo

Juventude e velhice na mídia e na literatura. Estereótipos criam dramática descontinuidade entre gerações. Na atualidade, a jovem ocupa a centralidade no discurso midiático, mas na condição de objeto. Na literatura, Clarice Lispector conecta-se a autoras que denunciam o controle da voz e da sexualidade da mulher idosa.

Com:

Clarisse Fukelman – professora doutora no Departamento de Comunicação Social da PUC-Rio e autora de Eu assino embaixo: biografia, memória e cultura.

Adriana Braga – professora no departamento de Comunicação Social da PUC-Rio, autora de Personas Eletrônicas: feminilidade e interação no blog.

Mediação: Maria Antonieta Jordão

 

11 de maio (quinta-feira)

A cor da pele e a educação para a diversidade de sexo e gênero

Escritoras negras pioneiras no debate da discriminação racial ecoam na ficção de Conceição Evaristo. Projetos educativos inclusivos, articulados a estudos feministas, contemplam processos de subjetivação diferenciados.

Com:

Conceição Evaristo – escritora, doutora em Literatura Comparada, prêmio Jabuti 2016.

Fernando Pocahy – professor doutor na faculdade de Educação da UERJ, coordena o Grupo de Estudos em Gênero, Sexualidade e(m) Interseccionalidades na Educação e(m) Saúde.

Mediação: Giovanna Deltry

 

12 de maio (sexta-feira)

Profissão escritoras

Depoimentos de escritoras de diferentes gerações sobre a própria obra, a questão do feminino e feminismo e canais para difusão de seus trabalhos.

Com:

Guiomar de Grammont – professora doutora da UFOP, Prêmio Cesgranrio e Casa de las Américas.

Simone Campos – escritora, tradutora, doutoranda pela UERJ, semifinalista do Prêmio Oceanos 2014.

Susana Fuentes – poeta, ficcionista, dramaturga, Doutora em Literatura Comparada. Finalista do Prêmio São Paulo de Literatura 2011.

Mediação: Clarisse Fukelman

Detalhes do evento:

Dia(s): 2 maio 2017 - 12 maio 2017
Horário: 18h30 - 20h30

Local: Caixa Cultural Rio de Janeiro
Av. Almirante Barroso, 25 - Centro, Rio de Janeiro, RJ, 20031-003, Centro

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Inscrição:

A confirmação da inscrição é de responsabilidade do organizador do evento.

Valor: gratuito
Período de inscrição: 02 a 12 de maio
Site: https://www.facebook.com/escritorastomamapalavra/
Instituição responsável: Caixa cultural
Email do organizador: vereda1@uol.com.br
Telefone de contato: 2132539389